Cutuquei ela um tanto indiscretamente quando ele passou, mas ela, como sempre, conseguiu ser mais indiscreta.
Quantos anos tínhamos? Que músicas ouvíamos?
Oh, isso foi ano passado e já nem lembro.
Ele chegou com todos os outros. E observamos tudo, menos o nosso comportamento patético.
Daí passaram-se alguns meses e muitos goles de cerveja para desatar o nó da garganta e atar o nó da língua. Mas ele sempre chegava e sempre desviava, sem saber que o fazia, sempre desviava os nossos assuntos para alguma de suas companhias.
E sempre apresentava uns e outros, mas nunca se apresentava como gostaríamos. Nem estava bêbado como gostaríamos e nem se vestia ou se portava como gostaríamos. Então era um mistério a nossa obsessão por ele, claro que era. Ou claro que não era. A verdade é que tudo partia do fato de que nunca um de nós ficou com ele.
Estivemos no meio deles e delas, as garotas que vomitavam por qualquer coisa, fosse bulimia ou porre, fosse as duas coisas. Fosse o que fosse e pisássemos onde pisássemos, nós e os garotos, nos divertíamos sem saber, nós, os garotos. Quando ela sumia com um deles era eu e os garotos e às vezes era só eu voltando só ou eu voltando com alguém que estragava tudo no caminho. Ou era eu? Ou era ela? Ou eram eles que estragavam tudo até molharem e sujarem nossos lençóis? Essas grandes crianças desapareciam quando mais os queríamos por perto.
E ele era nada menos que a utopia personalizada. Imaculada.
E nós permanecíamos rindo sem saber que nada ou tudo ocorreria.
Porque a distancia entre o nada e o tudo pode ser um grande gole de cerveja.
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