Eu disse: mãe não tinha banana madura.
E bem na hora lembrei daquele carrinho desgovernado no supermercado.
Uma criança igualmente desgovernada me atropelou.
Eu nem procurei bananas maduras, eu nem senti que despencava minha cesta de compras e parte do supermercado esperava que eu reagisse.
Eu estava ali vulnerável sendo coadjuvante de segundos na vida de alguns.
E como todos me olhavam também pensei que poderiam ver por uma brecha o horror que atravesso a cada dia cinza que ele não me dá notícias.
Mas não.
Estão todos em suas respectivas casas bebendo seu vinho, comendo suas frutas, barbeando-se ou banhando-se com seus sabonetes comprados ali.
Enquanto escrevo.
Enquanto sofro.
Enquanto não digo à minha mãe que as compras ficaram no chão porque eu corri.
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3 comentários:
E por que correu? O desespero pode ser amargo, a dor um pedaço funebre de carne... mas acredite, você tá vivo. Respirando que nem um animal, babando, escarrando, mas... fodidamente vivo. Não importa quantas vezes tenha que gritar para ouvir o som da sua própria voz, mas tá vivo. O pessoal vai continuar cagando, comendo, babando, mas porra... você tá vivo. Porra, você tá escrevendo...
Li metade do seu blog agora de tarde. PUTA QUE PARIU.
P.S.: Só vi seus comentários no Twit agora. Respondi, haha.
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