Sinto como se tivesse mordido um fruto maduro e doce de uma calda azeda insuportável.
Como se eu pudesse me banhar neste néctar secreto.
Eu e minha mania de metamorfoses.
Achando sempre que apagar a luz ameniza a dor e constrói lentamente o prazer.
Nada melhor que o aroma do pescoço e a disposição das línguas.
Nada melhor que o encaixe, que o ensaio, que o erro, nada melhor que o erro que se torna acerto, verdade, que se torna tudo.
Metamorfoses.
Eu começo não amando. Eu começo sendo seu fumante passivo. Sendo a leveza enquanto você pesa sobre mim com seu azedume e doçura incomparáveis.
Eu começo a me apegar ao seu suor enquanto você se apega a perfumes que eu compro em frascos.
Eu só queria saber se quando você disse "amor" seu coração era o fruto mordido por mim.
Acho que me envenenei.
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Um comentário:
Se se envenenou, mude. Metamorfoses fazem partes de nós mesmos. Enquanto todos os cus do mundo se rebelam pela opinião enfadonha de que o amor não é amor senão loucura, estamos perdidos na dinastia enlouquecida de nossas almas obscuras. Enlouquecemos porque achamos que enlouquecer de amor é correto. Deixamos brechas para coisas melhores virem. Depois de loucos, viramos céticos. E o ceticismo é a pior desgraça.
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