segunda-feira, 22 de junho de 2009

The end has no end

Tenho sangue coagulado no meu dedo indicador.
Apertei na fechadura do portão e sangrou um pouco.
Ele me perguntou quando e como.
Eu disse: a pouco no portão (com o dedo na boca e aquele gosto bom).
Foi exatamente aí que terminamos.
Não foi no sexo selvagem, nem na briga tão selvagem quanto.
Foi numa explicação sem nexo.
Num pequeno derramamento de sangue.
Só meu.
Foi no olhar que vi tão poucas vezes.
Quando ele pergunta se machuca eu também me pergunto.
Não respondo a ele nem a mim.
Nunca sei o quanto suporto.
Só sei que faz bem suportar.


Foto: Federico Erra.

6 comentários:

Eloly disse...

Não sei se a briga foi tão curta quanto a cronica...
Mas acredito que as coisas curtas, são pequenas para não terem significados muitos grandes...
Por isso acredito, que deveria ter algo mais nessa cronica!

Lykah disse...

"...tão curta quanto um sonho bom"

Aretha H. Souza disse...

A percepção ao pequeno gesto e a sensibilidade de descreve-lo é fundamental em uma crônica, aliás, é o que faz uma crônica. Mesmo sendo um texto breve (o que não o torna ruim por isso), é bem instigante de ler! Adorei, parabéns!

BarelyEly disse...

Todos dizem crônica, mas é minha vida...

Mari Araujo. disse...

É Ely, só que vive é que vai saber que a vida é assim mesmo: tantos se preocupam com a forma, outros com o conteúdo. Se é ou não uma crônica é só um detalhe.

O que vale é o instante em que tudo oq se derramou em palavras foi inspirado. Nesse ponto, é algo mesmo só seu.

Está além da forma, da estética. Está além de ti mesmo. Ao passo que está dentro do teu eu.

Derrame sangue, mas nunca lágrimas.
rsrsrsrs
Bjinhos...

Mário Zaparoli disse...

Olá,obrigado por visitar meu blog. E também venho aqui para espiar o seu,e adorei! Passarei mais vezes...
abraços
Mario Zaparoli