Minha impaciência na sala de espera inflava junto com minha bexiga. Um horror. Eu tentava me distrair lendo, e foi num desses momentos que notei um agente penitenciário acompanhando um detento envergonhado que mantinha a cabeça baixa e expressão séria e envergonhada. Comentários quebraram o silêncio. Cochichos aqui e ali me afligiam mais, pois cochicho se assemelha com shhhh... (vontade de urinar). O detento se vai. Shhhh...
Um segundo detento que procuro não dar muita importância. Apenas noto que não se comporta como o anterior. Mantém sua cabeça erguida. Entra pelo corredor de onde estão sendo chamados os pacientes. De onde em breve iriam me chamar.
Shhhh...
Meu nome completo é pronunciado em voz alta. Levanto e me encaminho pelo corredor estreito por onde passou o detento. Uma porta se abre à minha frente. Ele surge no seu uniforme azul: o detento. O detento. Na minha perpétua encenação me apavoro, mas permaneço encarando aquele homem de azul. Rosto latino, pele limpíssima, nenhum resquício de vergonha, olhos famélicos tão perto dos meus. Dentro dos meus. E os meus dentro de um delírio que se foi e voltou para sua cela.
Ultrassom.
Desconforto das vias urinárias.
Banheiro.
Conforto e alívio da bexiga.
Espelho.
Frustração no reflexo.
Uma cela/ o banheiro/ ali permaneço.
Na perpétua eliminação de líquido.
Perpétua eliminação de chances.
4 comentários:
Será que era O Meu Presidiário?
Sabes, Barelyely...sabes que o amo.
Interessante ¬ ¬
FranciscoéseunamoradoNãoémeucliente
Ai...amei o Shhhh
interessante a foto...
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