quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Revelando a matéria

O meu olhar sem humor repousa em qualquer canto desinteressante.
Um espaço vazio onde um barulho ecoa e me irrita.
Eu caio na realidade das palavras alheias.
Aquelas que existem mesmo.
Que saem da boca de alguém.
Não as subentendidas.
Não as que desejo ouvir.
O mundo não é o que desejo ouvir.
E no fundo eu não desejo ouvir coisas que entram em meus ouvidos.
Os meus sentidos só refletem a discórdia entre o mundo e eu.
E a desordem que é explorar as causas.
Quando não sou capaz de sentir um beijo abro meus olhos e é tudo real.
É tudo boca e língua e um nariz tocando no outro.
Tudo se desprende e os meus olhos já abertos contemplam o par que se abre lentamente.
Como eu contemplo as bocas alheias cheias de palavras (e bactérias).
Porque tudo é um monte de matéria se mexendo.
E eu já me envolvi demais com a matéria.

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