sábado, 12 de abril de 2008

Bubble (Ha-Buah)

Dentro de uma bolha finíssima, que paira sobre a guerra, vivem quatro jovens que sonham com a paz, sem imaginar que balas e estilhaços estão prestes a estourar sua morada tão bem construída.



Minha crítica:
Eytan Fox
realiza em meio a um conflito secular uma trama sobre paz e amor que foge dos clichês e das utopias e exatamente por isso é tão pungente.
O desejo de viver em harmonia plena bem como o de liberdade para amar alguém de cultura e território diferentes, porém do mesmo sexo, são em
Bubble
um constante ciclo que envolve até os mais distantes da cultura de ódio que é o pano de fundo deste feito cinematográfico.
Com verossimilhança e sem estereótipos o filme avança por dramas e cenas de leveza deliciosa, embaladas por uma trilha sonora que cabe em cada expressão, cada locação e cada tomada, pontuando sempre com porções muito bem dosadas de melancolia e humor a trajetória dos quatro jovens.
Colocando os personagens em situações limite, mas familiares, deixando assim um clima de apreensão que se dissipa momentaneamente em meio à beleza da juventude de Tel Aviv. Interligando culturas com uma trama delicada e tensa,
Bubble
retrata o cotidiano de ambos os lados da fronteira e desta própria, que é uma metáfora da intolerância.




Meu parecer:
Passei muito tempo revivendo mentalmente as cenas do filme e mesmo contando com uma ótima memória assisti uma segunda vez num intervalo inferior a 12 horas. O efeito que Bubble me causou foi, sem hipérbole alguma, devastador. Chorei ao acordar no dia seguinte, fiquei melancólico e apático por horas. Porém a mais profunda transformação ocorreu num território inexplorado que é a minha capacidade de me apaixonar. Decidi ser ainda mais duro no que diz respeito ao amor. Acredito que mesmo experimentando a felicidade inebriante que o amor notoriamente proporciona, eu jamais abandonaria a desconfiança de que seu fim tão temido me arrasaria mais que qualquer outra tragédia. É fato que o amor acontece e não podemos evitá-lo quando ele se instala, seja no coração, no cérebro ou na alma. E como acredito em predestinação (sei lá por que) eu deveria encarar o que o destino me reserva e deixar de fugir o tempo todo.

"Moro sozinho em uma bolha finíssima que não vai resistir ao calor que a rodeia."


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