segunda-feira, 8 de março de 2010

Lendas que acontecem

Chocada, horrorizada com a brutalidade do crime.
Ainda bem que a realidade do jornal só pertence ao jornal e ele é de ontem. Deixou pra lá.
Sempre há jornais com uma realidade horrenda dentro de taxis corriqueiros.
E dentro daquela sexta a imagem do horror.
Eu posso levar o jornal?

Sobre a mesa de centro um crime e na mente outro outro pior por vir.
Contemplava o pó e afiava os dentes numa alucinação canina.
Estou suficientemente chapada?
Está querida até demais. Chama um taxi.
Peraí, peraí...

Minutos depois uma buzina familiar.
Vamos, não quero ver você morrer overdose.
Vamos querida, eu chamei todos eles.

O carro perde a direção.
O taxista tem uma faca cravada no pescoço e o pé no acelerador.
Enquanto isso há choro e riso preenchendo o que se vai preencher de água e sangue.
Um desfecho sob águas violentas e silêncio...

Só o barulho das teclas dando voz à minha imaginação.
Enquanto a realidade soa muito mais lúgubre.


Eu tinha cerca de 14 anos quando encontrei uma revista do ano de 1997 que continha o caso de assassinato mais brutal que já tomei conhecimento. Não seria estranho se eu guardasse a revista, mas resolvi recortar a matéria e acabei esquecendo no meio das minhas coisas. Meses depois numa faxina de rotina notei que havia desaparecido dali. Tive vergonha, pois minha mãe certamente ficou chocada com minhas preferências mórbidas e deu fim ao que reencontrei aqui.

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