terça-feira, 20 de outubro de 2009

O herói sem cheiro

Ainda estou me perguntando do que ele em salvou.
Mas ele foi um herói me resgatando nos braços, mesmo desengonçado conduziu-me.
Não que eu precisasse, mas ser conduzido é diferente pra quem está sempre cheio de si.
E cair de joelhos diante dele foi mais que um agradecimento, foi uma entrega.
Ele seria completo se tivesse cheiro.
Então notei que não era real apesar do discreto sabor.
Então notei que ele olhava pra TV enquanto eu olhava pros pés dele e admirado imaginava: não devem ter cheiro algum.
Toquei como num santo.
Um momento sem áudio.
Uma casa toda branca e clara, sem calor, sem frio, sem som de TV.
E ele sem odor.
Teve a idéia de me resgatar daquele mundo ensolarado das manhãs de compras de supermercado. Tudo era um grande caos e a calma lá de dentro me transformou.
Apesar de eu ter passado grande parte do tempo engasgado.

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